Um dia desses vi na televisão a Susan Boyle, aquela senhorinha esquisita que virou um hit depois de participar de em um concurso de cantores na Inglaterra. Não sei cantar, e nunca quis ser cantora, mas preciso confessar que fiquei com uma inveja danada da D. Susan, não pelo sucesso repentino, mas por causa de uma declaração que ela fez no programa da Oprah Winfrey (sim, eu assisto). A senhorinha disse, com uma certeza desconcertante, que sabe exatamente para o que veio ao mundo, e que não tem a menor dúvida que hoje faz precisamente o que nasceu para fazer.
Imagine ter a segurança, a todo tempo, que não há nada, neste mundo, que você poderia fazer melhor do que o que você já faz. Caramba! Estatisticamente, as chances são bem pequenas, afinal de contas, existe um mundo de possibilidades lá fora, um monte de coisas diferentes para se fazer, e, em geral, somos expostos a um ínfimo número delas. Simplesmente escolhemos uma, e torcemos para que dê certo.
Por exemplo: se o indivíduo cisma que quer ser médico, vai passar pelo menos uns dez anos se preparando para isto. E se, chegando lá, digamos, uns dois anos depois da residência, algum fato da vida vier a lhe revelar que, na verdade, ele nasceu para ser astronauta? Já era. Dificilmente haverá tempo para mudar a rota e investir naquilo que ele efetivamente deveria estar fazendo. Afinal de contas, astronautas, atletas, físicos e grandes pintores, assim como um monte de outros profissionais, a exemplo dos médicos, precisam começar cedo.
Talvez seja só eu, e você não esteja vendo sentido algum no que estou tentando dizer. De fato, normalmente não percebo nas pessoas essa mesma ansiedade, e provavelmente elas estão certas. Cada um faz aquilo que a vida lhe oferece, e tenta fazer da melhor forma possível. Acertar na mosca (a mosca sendo a atividade que melhor aproveita os seus talentos inatos) é privilégio para poucos, ainda mais se for de primeira. Na verdade, sejamos realistas: a maioria das pessoas sequer pode se dar ao luxo de escolher o que fazer para ganhar a vida.
Eu tive a chance de escolher minha profissão, não só uma, mas duas vezes. Sou muito grata por isso, especialmente por que na segunda escolha encontrei uma forma muitíssimo mais eficiente para usar o que acredito serem os meus talentos. Ainda assim, confesso que às vezes me pego pensando se um dia poderei afirmar, com o mesmo grau de firmeza e segurança, o que disse a D. Susan, que sabe que nasceu para cantar. Vai ver que no meu caso... eu nasci foi para conjecturar.
Adorei. Sabe que as vezes me pego com as mesmas dúvida. E olha que eu escolhi uma profissão que atualmente não exerço e que sonho em retomar como segunda carreira. Quem sabe esse seja o nosso objetivo, descobrir quantas carreiras podemos fazer com nosso talentos.
ResponderExcluirBjks