...palavras são o que teimamos em usar para vesti-las.

domingo, 1 de agosto de 2010

Planos, tropeços e malas

Uma vez ouvi alguém dizer uma coisa que me marcou muito: “Quer fazer Deus rir, mas rir de verdade? Conte a ele os seus planos”. É fato. Podemos até traçá-los e nos esforçarmos para que eles aconteçam, mas a última palavra nunca é nossa. O problema é que temos a mania de nos apegar aos nossos planos de tal forma que, a certa altura, acreditamos sinceramente que eles se cumprirão.

Precisamente há um ano, por exemplo, imaginava que 2010 seria um ano de transformações importantes na minha vida. Em parte, parece que eu estava certa. Mas as transformações que eu ingenuamente imaginava eram completamente diferentes daquelas que efetivamente estão por vir.

Enquanto a fila da adoção seguia o seu passo lento (por lento entenda-se mais de 1 ano sem notícias) resolvemos, sem maiores pretensões, dar uma chance à ciência, embora sempre soubemos das baixíssimas chances de sucesso de uma fertilização no nosso caso. Injeções auto-aplicadas todos os dias, a espera do dia ideal para a punção, inúmeros ultrassons, uma montanha russa hormonal, sem falar na tensão de uma sala de espera cheia de mulheres igualmente descompensadas pelo stress do processo, e seus pobres maridos aflitos. Basta para acabar com a serenidade de qualquer um.

A nossa esperança de sucesso, que no começo era tão pequena quanto o conteúdo inerte daqueles tubinhos congelados, em poucos dias se tornou uma explosão de euforia, ao vermos a milagrosa formação da vida, bem ali na nossa frente, através da lente de um microscópio, na forma de 4 embriões saudáveis. Sim, eles queriam existir. Estavam ali para provar que milagres acontecem. Nos sentíamos abençoados. Choramos juntos de alegria. E, pouco tempo depois, novamente de tristeza. Por duas vezes, a implantação não aconteceu, sem maiores explicações. Talvez eles não quisessem, na verdade, existir. Talvez quisessem, mas não conseguiram. Talvez, talvez, talvez. Talvez o plano não era bem esse.

Se Deus sussurra aos nossos ouvidos nos momentos de alegria, e grita alto nos momentos de dor, devo confessar que por algum tempo depois, mantive meus ouvidos bem tampados, de propósito. Devem ter sido os benditos hormônios. Logo passou. Logo voltei a querer ouvi-lo. Logo voltei a querer saber qual era o plano afinal.

Como sempre, os tropeços machucam, mas nos levam a prestar mais atenção no caminho. Voltamos à fila, à nossa espera, e nela conhecemos outras realidades, de pequenas grandes pessoas que também enfrentam longas esperas, como você já leu nos posts anteriores (assim espero!). E por falar em espera, quando menos esperávamos, a vida trocou o destino das passagens que segurávamos tão firmes em nossas mãos. Ao que tudo indica, ainda não será desta vez que aterrisaremos na vida de pais.

Em lugar de fraldas e berços, um ano depois do relatado, estamos às voltas com vistos e malas de viagem. A vida está nos enviando para trabalhar e estudar na Alemanha. Alemanha? Não é nem de longe o que eu tinha nos meus planos imediatos. Mas quem é que disse que eles contam? Vamos até lá. Vamos ver o que é que a vida quer nos mostrar...

2 comentários:

  1. Alemanha? Como assim Alemanha? Qto tempo fica lá?
    Como a vida dá voltas inusitadas! Concordo plenamente com vc, quanto mais planejamos uma coisa, outras diferentes acontecem... não é uma birutice?

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  2. Dé!!!Nossa! Nesses encontros e desencontros da vida...encontrei a Dri na aula de Yôga, conversamos sobre vc, e ela me contou sobre seu blog! E neste domingo, debaixo do edredon vim aqui te fazer uma visita e matar um pouquinho a saudade! Vc ta bem?!
    Vai pra Alemanha!!!!
    Amiga (sei que posso te chamar assim, apesar do tempo e da distância...)tenha certeza que os planos Dele são sempre os melhores!
    Qdo vcs vão!? Vão ficar qto tempo? Manda notícias! Seus pais estão bem?!
    UM beijo enorme, se já foi, está indo ou ainda vai...Vai com Deus!!! Saudade! Ju

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